Rachaduras (2023) é uma intervenção artística site-specific realizada no espaço da própria artista. A partir da observação de 50 traças fixadas nas paredes e tetos de diferentes cômodos: quarto, corredor e banheiro. A artista traçou, em gestos, uma série de linhas vermelhas descontínuas utilizando caneta Posca vermelha. Cada linha marca a localização de uma traça e traça uma rede interligada entre o inseto que atravessa o espaço, operando como um mapeamento simbólico da deterioração e do tempo.

A obra não propõe reparo, mas exposição: ao marcar diretamente as superfícies da casa, a artista transforma um espaço íntimo em território de inscrição e leitura. As linhas vermelhas, feitas de uma só vez, funcionam como rachaduras visíveis que revelam os estados de desgaste e abandono do ambiente, tensionando os limites entre o que é estrutura e o que é falha, entre gesto artístico e ruína silenciosa.

O mapeamento da artista traçado das traças formam as rachaduras cartográfica do invisível, bicho noturno e destrutivo, que age sozinho e sempre sem ser notado.